segunda-feira, 27 de maio de 2013

Sobre dor e liberdade

Um dos ensinamentos importantes que quero te passar nessa vida: a dor é necessária. Isso pode parecer estranho, afinal, seja por questões naturais ou socialmente ensinadas, vivemos evitando a dor.
De acordo com alguns filósofos, inclusive, vivemos basicamente considerando experiências que passamos pra, utilitariamente, evitarmos essas sensações ruins, maximizando assim o que chamam de prazer. Não sei se concordo com essa visão tão calculista, mas enfim, posso afirmar que grande parte da minha existência é sentida com base nessa dicotomia.

Independente do que se aprende na academia, a vida - a minha, pra ser mais precisa - ensina coisas um pouco mais complexas, e tentar interpretar as sensações transcendendo tais postulados é algo que eu, pessoalmente, busco. E em uma dessas "pensâncias", chego a conclusão (óbvia?) de que nada nos leva mais à dor do que a fuga dela. Então volto um pouco no tempo pra tentar expor aqui de onde e pra onde vai essa ideia:

Começo com as dores de parir. Antes de sonhar em ficar grávida (ou seja, até praticamente o dia que vi aqueles dois tracinhos no teste de gravidez), acreditava que as mulheres, com essas opções modernas da medicina, poderiam - e deviam - evitar a tal dor do parto. Não tinha informação alguma sobre o processo, claro, e me parecia "natural" evitar algo ruim, caso seja possível.
Com o adendo final - "caso seja possível" - a frase está corretíssima. Não há porquê sentir dor caso exista a possibilidade real de não senti-la. O grande porém é que, na maioria das vezes, essa possibilidade é só ilusória! Ao evitar as dores do parto, como foi esse meu exemplo, você escolhe por adiar essa dor para um pós-cirúrgico longo, além de expor você e o bebê em questão a riscos (de outras dores, de problemas de saúde e, de acordo com alguns estudos, até de danos psicológicos à parturiente e ao "ex-fetinho"). Ou seja, não existe uma forma real de se evitar a dor nesse caso, e sim uma escolha entre qual tipo de dor você irá sentir. Por conta das informações que me foram passadas, pude escolher o que acretido ter sido o melhor: uma dor física momentânea acompanhada de hormônios que "compensam" isso, enviando estímulos de prazer. Aprendi naquele dia que meu corpo é capaz de uma intensidade absurda, tanto pro mal quanto pro bem estar! E pode soar clichê (você perceberá que mamãe aqui é toda clichezenta), mas toda a minha concepção de dor/prazer, bom/ruim e tal foi renovada e tudo por sua causa!

E saindo do exemplo que eu dei, pude ir muito além. Então, a partir disso, palavra LIBERDADE foi redefinida ali. Não existe uma liberdade que te exime de sentir dor. A liberdade é de escolha, dadas as situação externas e fora do seu controle, baseando-se nas informações e experiências que se teve ao longo da vida. Dada a gravidade, não existe a liberdade de não cair, mas sim de como cair: se antecipando e preparando algo macio pra cair em cima; aprendendo que, pra não machucar os ombros, se deve encolher os braços e rolar na hora da queda, etc.

Mas entenda: aceitar a dor não é se conformar a ela! Existem coisas que estão fora do nosso alcance, o que não significa que não temos a escolha de procurar - e lutar por! - algo melhor. Em vários momentos isso ficará confuso (e ainda não descobri se "desfica" algum dia), mas ter em mente que evitar a dor não é fugir dela a todo custo pode tirar do seu caminho várias pedras maiores. Compreenda que as escolhas feitas no passado foram as escolhas que você fez e ponto; não adianta pensar no que poderia ser diferente, em como você poderia ter notado isso ou aquilo. Muitas vezes escolhemos as trilhas que parecem menos dolorosas - por falta de informação ou não - e no futuro descobrimos um preço altíssimo a ser pago por conta delas. Mas se culpar nunca trará uma resolução! Levante-se, responsabilize-se (somente pelo que foi deliberado por você) e aprenda novas formas de lidar. Elas sempre existirão, só depende de você descobri-las.

Não sei quando você estará apta a absorver esse ensinamento. Nem mesmo se ele será tão válido na sua vida quando é na minha. Mas espero que sim. Espero que você não só decodifique o que te passo nessas reflexões, como adicione suas coisas e me ensine mais e mais.

E fique agora com as fotos deliciosas que tirei quando você interagiu pela primeira vez com o Pitágoras:





Amor.

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Risadas matinais

Bom dia!

Há algumas semanas acordo todos os dias com você sorrindo pra mim. Não sei exatamente quando os espasmos labiais se tornaram demonstração de afeto, mas já é claro que suas risadas são de alegria. Alegria ao me ver, alegria ao notar que minhas tetas estão lá, cheias e à sua disposição, alegria ao conversar usando só vogais e me ver respondendo com palavras e caretas, alegria ao ouvir as musiquinhas ridículas que inventei pra você, alegria por saber que euzinha aqui, te segurando pela barriga ou às vezes só apoiando suas mãozinhas, proporcionarei a você a deliciosa experiência de ficar em pé - que, pela sua satisfação, parece mais uma ida à Lua ou coisa assim.

Se antes eu curtia dormir até tarde, aproveitando a preguiça pra ficar deitada no escurinho até meio-dia, desde a sua chegada confesso que esse estilo de vida perdeu o sentido. São os seus primeiros gemidinhos matinais pedindo por leite e pá, lá estou eu, prontíssima pra mais um dia de cócegas, cantorias, blábláblás e risadas.

Ah, suas risadas! Treinei mentalmente como seria te ver sorrindo. Imaginava que poderia ser algo  maravilhoso. Agora já não tenho palavras cabíveis pra descrever o que sinto... o que é melhor do que maravilhoso? Estupendo? Magnífico? Alguma coisa por aí!
Essa coisa que me faz despertar e sonhar ao mesmo tempo. Algo que me mata de tanto querer viver. Isso que me tornou o que eu jamais tinha previsto: uma pessoa feliz.
Não que você seja responsável pela mulher que eu sou, mas agradeço todos os dias pelo aprendizado sobre mim mesma. E sobre você, cada dia mais gente, cada dia mais linda, mais Ananda, toda você mesma. Cada dia mais sorriso, me lembrando como é bom rir pela manhã!